Primeiros Sintomas estreiam "Menina Júlia" na ZDB Negócio

Desejo, sedução e ódio, poder e decadência, tudo está em "Menina Júlia", de Strindberg, um texto clássico da literatura universal que os Primeiros Sintomas estreiam a 07 de Setembro, na ZDB Negócio, em Lisboa.
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A fechar uma trilogia deste grupo teatral que levou à cena, no mesmo espaço, "Lindos Dias", de Samuel Beckett, e "Hedda Gabler", de Henrik Ibsen, surge agora a "Menina Júlia", que August Strindberg (1849-1912) escreveu em 1888 e que é considerada a sua obra-prima.

Os Primeiros Sintomas limparam o pó a este texto do dramaturgo sueco com uma nova tradução, assinada por João Paulo Esteves da Silva, dramaturgia de Miguel Castro Caldas e encenação de Bruno Bravo, descartaram-se das personagens secundárias e deixaram apenas as três que estão no centro do enredo: a menina Júlia, Jean e Christine.

A menina Júlia (interpretada por Ana Brandão) é a filha de um conde que, pouco depois de anunciar o fim da relação com o noivo, decide não acompanhar o pai numa visita social e passar a noite de S. João na sua propriedade, na companhia dos criados, que festejam, com um baile, a noite mais curta do ano.

Inicia, então, uma relação condenada com o criado de seu pai, Jean (Pedro Giestas), que tem, por sua vez, uma relação com a cozinheira da casa, Christine (Inês Pereira).

"Esse jogo de sedução entre os dois é um misto de desejo com ódio: o ódio que a menina Júlia tem aos homens, a atracção que tem pelo abismo, por tudo o que é desconhecido para ela, por tudo o que é abaixo da condição dela e, ao mesmo tempo, a atracção e o ódio que o Jean tem pela nobreza e por tudo o que está acima dele", disse à Lusa o encenador.

"Mas é também uma peça sobre o poder, sobre a decadência e há também a poesia selvagem do Strindberg, que está muito presente nesta peça", observou, sublinhando que o texto tem sido "o principal impulsionador dos espectáculos" do grupo.

Para Bruno Bravo, o grande desafio dos textos "do naturalismo, do realismo", como é o caso de "Hedda Gabler" e "Menina Júlia", é "não fugir ao que eles sugerem, porque são textos poéticos" e descobrir "como contar estas histórias numa linguagem teatral".

Em Portugal, "Menina Júlia" subiu pela primeira vez ao palco em 1960, no Teatro Nacional D. Maria II, pela Companhia Rey Colaço-Robles Monteiro, com encenação e interpretação de Jacinto Ramos, Lourdes Norberto e Helena Félix.

Quarenta e nove anos depois da estreia em Portugal, esta é a 15ª encenação de "Menina Júlia" e estará em cena no espaço ZDB Negócio até 12 de Setembro, de segunda-feira a sábado, sempre às 21:30.

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